Um ensaio de cartografia social multiespécie em território minerário
Resumo
Neste texto de caráter ensaístico pretendemos discutir a possibilidade da problematização do uso da cartografia social numa chave multiespecífica através da ampliação do conceito sobre social para espécies, além e junto à humana. Para tal, mobilizamos autores que discutem a ideia de cartografia social e o papel desta ferramenta nas diversas formas de luta por terra e território protagonizadas por grupos sociais em diferentes regiões do Brasil, como Henri Acselrad e Alfredo Wagner Berno de Almeida, e outros que discutem o antropoceno e a paisagem em uma perspectiva etnográfica dos viventes, como Anna Tsing, Donna Haraway e Isabelle Stengers. Entrelaçamo-os com breves narrativas das experiências como cartógrafo social de um dos autores nos territórios, e com as pessoas atingidas, no contexto das ações de reparação ao desastre sociotécnico e ambiental na bacia do Rio Doce, especialmente na sub-bacia do Rio Gualaxo do Norte, provocado pelo rompimento da barragem de rejeitos de Fundão em 2015, controlada pela mineradora Samarco e suas acionistas Vale e BHP Billiton. Tal articulação entre os textos, as imagens produzidas através do trabalho do cartógrafo social e os conceitos abordados visa fazer do texto, ele mesmo, uma experiência de cartografia social multiespécie na qual advogamos em favor.