“Por mais que dure bastante tempo na água, o pau não vira jacaré”
Encruzilhada de tempos, sabedoria, e esperança na Tabanka Blom localizada na atual GuinéBissau
Resumo
Este artigo autoetnográfico compartilha uma parte do caminho no campo da tese em andamento. A tabanka escolhida para campo é Blom. A tabanka para povos que habitam atual Guiné-Bissau é uma terra onde o mundo invisível, a vida humana, vida animal e das árvores integram-se uma na outra e interagem com as águas que os(as) envolvem permitindo o acesso ao equilíbrio. A Blom é habitada pelo povo Pepel, povo que a sua força e dedicação na manutenção da sua espiritualidade, de geração em geração é reconhecida e observável. Dar a voz a este lugar e permitir de forma mais profunda, ser narrada longe das lentes do ocidente evidenciando as forças nutridas dentro dela é o nosso objetivo. Ademais, o desmembramento da classificante geografia de hegemonias e subalternidades pautada na lógica colonial do Banco Mundial e da Organização das Nações Unidas e sua agenda de desenvolvimento estabelecida e demais agências e agendas colonizantes que não reconhecem seus erros, suas violências, suas arrogâncias, falhas dos seus modelos progressistas/desenvolvimentistas que adoece o planeta. O respeito e consideração demonstrada a terra que sustenta e lugar que alimentará as próximas gerações, o reconhecimento e a aceitação da generosidade desse chão que nutre foi o ponto mais alto, elevado e encantador no campo. O conceito da “tecnologia de vila” do Albert Tévoédjré foi abraçada no lugar de força que é “a abertura à tecnologia, que não aceita só a eficácia, mas também a libertação”.