Hidro-grafias
Pensar-com ou desenhar-com os rios
Resumo
Este trabalho se propõe a construir um vínculo entre a cartografia e as ideias defendidas pelo antropólogo britânico Tim Ingold para explorar maneiras de cartografar com os rios. O objetivo é tentar superar a aridez tradicional que registra os corpos d’água como meras linhas vazias de vida. Será feito um breve apanhado histórico da cartografia em sua dimensão geográfica, invocando os mapas como ferramenta para imaginar mundos. Com esse aporte conceitual, voltamos a Ingold para conjecturar a pesquisa cartográfica como uma forma de se juntar ao que o autor chama de “processo de formação”. Buscamos entender a constituição das paisagens, lugares e territórios como formações continuamente abertas. Logo, pesquisar e representar os corpos d’água pressupõe superar a separação objeto-sujeito, pesquisador-meio. Tendo como mecanismos de investigação as pesquisas bibliográfica e iconográfica, pretende-se defender que a compreensão dos rios e dos imaginários que se misturam às suas águas estão para além de desenhos que os representam vistos de cima e de fora. A intenção é debater como cartografar e mapear com os rios. Parte-se da compreensão que é com o corpo que se faz pesquisa, experimentando as fronteiras borradas entre o corpo pesquisante e os corpos d’água para o rio finalmente molhar o mapa.