Pensando a mudança de um currículo monoepistêmico para um currículo pluriepistêmico
Um ensaio sobre a fricção
Resumo
A ideia central desse ensaio é considerar quais mecanismos poderiam ser acionados quando pensamos a passagem de um campo de ensino monoepistêmico para um campo pluriepistêmico, no qual a inclusão seria o seu princípio fundamental. Para refletirmos sobre as inúmeras possibilidades de se fazer essa passagem, recupera-se nesse texto dois conceitos que guiaram o debate. O primeiro deles será o epistemomêtro, cunhado pelo antropólogo brasileiro josé jorge de carvalho, no texto “epistemômetro: uma metodologia para a descolonização e transformação do currículo das universidades brasileiras” de 2023. O segundo, será o de fricção, postulado por roberto cardoso de oliveira, no seu livro “o índio e o mundo dos brancos” publicado em 1964. Entende-se nesse ensaio que quando falamos de uma passagem monoepistêmica para uma pluriepistemica, não estamos descartando toda a produção ocidental, o que se defende é a inclusão de novas formas e fontes. A ideia de complementariedade é o que talvez melhor sintetize essa discussão, visto que a pluralidade dos saberes complementará uns aos outros na medida em que dada realidade escape àquela determinada teoria. Modificar o currículo não está necessariamente vinculado a essa noção de substituição de um em detrimento do outro, a atenção para a multiplicidade é o que elucida a finalidade do epistemomêtro e não um evidente rompimento com o currículo em si.