Técnicas de cuidado com a terra e plantio a partir de mediações de objetos para construção de espaços florestais produtivos em uma comunidade ribeirinha em Ananindeua, Pará
Resumo
O presente artigo se trata da estruturação de reflexões inicias sobre o que convencionei chamar de técnicas de cuidado com a terra e plantio desenvolvidos e praticados por comunidades ribeirinhas do nordeste amazônico. Em um cenário estatal e municipal institucional de incentivo e valorização de práticas consideradas sustentáveis, comunidades ribeirinhas intensificam cada vez mais suas já realizadas práticas de construção de espaços produtivos a partir da combinação de árvores frutíferas e tubérculos sendo centrais na atividade agroextrativista. Para erigir esses espaços distintos, os ribeirinhos recorrem às mediações possibilitadas pela motricidade de uma miríade de objetos cortantes e laminados, como: terçados, roçadeiras e foices. Busca-se então entender a gestualidade, ritmo e organização implicadas na atividade de roçar. Este artigo pretende, então, expor as reflexões inaugurais quanto ao possível teor dessas mediações. Quanto aos valores construídos, as contradições implicadas, propriedades que emergem, como eficácias distintas são evocadas e como modos de ação diversos permitem que ferramentas, humanos e árvores emerjam com novos status. Entende-se que uma atenção específica aos acoplamentos e ações entre ferramentas, humanos, árvores e o espaço florestal no momento de cuidar da terra e plantar as árvores são um campo que deve ser explorado e observado com mais afinco a fim de perceber as sutilidades e inovações técnicas promovidas por esses grupos.