Aspectos da escatologia entre os Rikbkatsa

Autores

  • Gabrielle Cardoso Meneses UFRJ

Resumo

O artigo pretende perseguir as seguintes questões: por que os Rikbaktsa, uma população de língua Macro-Jê do sudoeste amazônico, não sustentam mais a realização das festas do ciclo chuvoso? Qual a relação disso com a prevalência dos espíritos (hyrikoso) dos mortos no cotidiano? Atualmente, os Rikbaktsa dizem que os espíritos dos mortos estão destruindo as roças e é isso o que os impede de fazerem as festas. Afinal, a presença de alimentos vegetais em abundância é imprescindível para a realização do ciclo de cerimonias da chuva, cuja fase final é dedicada às escarificações corporais e confirmações cerimoniais de nomeação. Dessa maneira, os Rikbaktsa atestam que a destruição das roças é uma das formas possíveis de agressão causada pelos espectros dos mortos. Com essa modalidade de agressão, os espíritos comprometem a vitalidade e a construção dos corpos em contexto ritual. Essa imagem nos servirá de pretexto para apresentar a classificação que os Rikbaktsa fazem dos espectros terrestres dos mortos, os quais eles dividem em não agressivos (bato tsikyriaĩtsa) e agressivos (tsikyriaĩtsa). Ao abordar esse problema, pretendo demonstrar de que modo os indígenas incluem os espíritos dos brancos na categoria de agressivos.

  

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Publicado

2024-11-18

Edição

Seção

ST25 Agarrados à terra: corpo, território e resistência diante da crise climática