Fabulando corporalidades em relações de alteridade significativa entre espécies companheiras
Uma perspectiva da dança
Resumo
Este artigo procura compartilhar parte do processo e das reflexões geradas na pesquisa de mestrado “Dialógos entre Vianna, Béziers e Graham: Proposta para a criação de uma prática técnico-criativa dentro de abordagens somáticas em dança”, desenvolvida dentro do campo das artes do corpo, que culminou na criação da dança-instalação “2415”. O processo partiu de inquietações sobre a necessidade de cultivar outros modos de ser e estar no mundo (KRENAK, 2019) e romper com a lógica especista e excepcionalista que tem baseado a interação de grande parte dos humanos com o restante da rede multiespécies, para fabular cenicamente futuros possíveis. O trabalho criativo emergiu da investigação sobre relações de alteridade significativa (HARAWAY, 2021) com seres tentaculares, especificamente as minhocas, e foi motivado pelas provocações: Como podemos nos relacionar com responsabilidade na rede multiespécies da qual fazemos parte (HARAWAY, 2019)? Como podemos conviver com ela em relações de alianças afetivas (KRENAK, 2021) e nos permitir aprender com seres tão diferentes de nós? Trata-se de trocar e aprender. O que criaturas subterrâneas e invertebradas, como as minhocas, podem nos ensinar sobre nosso corpo e nossa presença? A partir desse encontro com corporeidades tentaculares desenvolvemos, em uma investigação teórico prática entre a dança e a educação somática, a cena e uma prática de trabalho corporal. E ́ parte desse processo criativo, ainda em andamento, que compartilhamos neste texto.