As feracidades do instituto Inhotim
Paisagens cenográficas nas ruínas da mineração
Resumo
Este ensaio traz as reflexões produzidas em pesquisa com o Instituto Inhotim, localizado no município de Brumadinho, Minas Gerais. Este, que se tornou meu interlocutor, se apresentou para mim ao longo de nossos encontros, me levando em direção aqueles que estavam presentes e ausentes em seu interior. O museu propõe um espaço de imersão e experimentação entre obras de arte e jardins paisagísticos explorando a potencialidade da relação entre arte e natureza em dinâmicas multiespecíficas. As experiências produzidas pelo museu, únicas em sua estética e múltiplas em seus arranjos espaciais, revelam intencionalidades atribuídas às materialidades e aos seres, assim como, as relações que estes são submetidos para a construção dos lugares dentro do Instituto. A noção de paisagem percorre o texto enquanto um eixo a partir das perspectivas de habitar as ruínas. Na formação de suas paisagens, o Inhotim produz cenografias que mascaram as agências - e a centralidade - de entidades ferais do capitalismo como é o caso da mineração. Em minhas discussões apresento a maneira como o Inhotim tomou a forma de um agente que retroalimenta a estrutura desse capitalismo feral e colonial ao qual estamos imersos, se apropriando até mesmo das críticas e movimentos de resistência a ele. Nesse sentido, busquei pintar as paisagens cenográficas que se formaram para mim a partir das ausências e presenças colocadas pelo Inhotim pensando no lugar da arte nos jardins criados a partir das ruínas.