Contracartografia às margens das águas urbanas
Desmistificar o discurso técnico para pensar junto com o fazer
Resumo
A bacia do córrego do Capão está situada na periferia de Belo Horizonte, na divisa com o município de Ribeirão das Neves e a montante da bacia do ribeirão Isidora. A bacia do Isidora tem sido alvo de estudos ambientais da prefeitura do município. Os resultados dos estudos demonstraram que a área tem previsões de altos índices de inundação, ondas de calor e deslizamentos para o ano de 2030. Por sua vez, o córrego do Capão está, em grande parte, em leito natural e apresenta oportunidade de uma reconciliação entre a água e o urbano2. Os ribeirinhos, há dez anos vêm se organizando em um grupo que através do trabalho cotidiano de cuidado buscam reconstruir a mata ciliar e outras espacialidades. Por outro lado, o município tem planos de grandes obras para a bacia. No entanto, para realizar sua proposta de grandes intervenções com concreto, a prefeitura precisa legitimar a participação dos moradores. Sendo assim, apresentou o estudo com previsões catastróficas e uma solução: reservatórios concretados no fundo do vale. Descontentes, os ribeirinhos propuseram um grupo de trabalho (GT) para estudar alternativas à grande obra. Como estratégia de diálogo entre saberes, estamos3 desenvolvendo um site que, entre outras coisas, abriga uma ferramenta de cartografia que sobrepõem intenções espaciais e ecológicas. A cartografia visa explicitar contradições mascaradas pelo discurso técnico e assim criar frestas para outros modos de produzir e gerir o espaço da bacia hidrográfica do Capão.