Em defesa das cidades selvagens contra o Antropoceno
Resumo
Neste ensaio discutimos a necessidade das cidades brasileiras transformarem-se em cidades selvagens para superarmos os problemas impostos pelo Antropoceno. Esses espaços urbanos precisam respeitar as florestas e seus habitantes como, animais, plantas, rios, nascentes e cachoeiras. É preciso que todos os seres tenham seus direitos de coexistências. Essa perspectiva procura superar a concepção moderna mononatural e monocultural das cidades, que são produtoras de desigualdades e de problemas ambientais. Propomos refletir junto aos Kaingang que vivem em contexto urbano na cidade de Clevelândia, localizada no sudoeste do Paraná. Esse território ancestral Kaingang, que se estende entre os rios Chopim e Chapecó, é banhado por diversas nascentes sagradas. Algumas delas são reconhecidas como os Olhos d’água do Monge São João Maria, cuja agência permite que elas sejam preservadas na cidade, garantindo a existência Kaingang em territórios oficialmente não reconhecidos pelo Estado. O Monge também auxilia os Kaingang na cura de corpos e territórios Esse território, ao ser habitado por diversidades multiespécies , permite imaginarmos a transformação das cidades em selvas com a ajuda dos indígenas. Essa transformação é necessária para que os problemas causados pelo Antropoceno sejam superados, pois, o cultivo desses espaços florestas nas cidades, promovem o bem-estar de humanos e não humanos e permitem que os problemas ambientais causadas pela soberba moderna desenvolvimentista em relação ao meio ambiente e aos indígenas sejam superados.