Cidade como ruína brejeira
Quando imagens de cuidado ribeirinho se encontram
Resumo
"Este córrego não encherá mais", diz a faixa afixada acima do Córrego do Leitão, em Belo Horizonte. O registro histórico que divulgava as obras de tamponamento de córregos se tornou um tipo de visualidade frequente nas narrativas oficiais que queriam consolidar a cidade enquanto a metrópole do progresso. Investigo estas narrativas em correspondência com o cuidado ribeirinho com o Rio Peruaçu, onde moradores cuidam de suas nascentes e pesquisadores colecionam imagens dos animais habitantes de suas margens para traçar estratégias de preservação. As fotografias não são apenas registros, mas carregam intenções, violências e potencialidades. As ferramentas técnicas e oficiais de registro não são mais suficientes para cuidar do mundo danificado. As imagens podem ser estratégias para cuidar do mundo que partilhamos? Neste trabalho, investigo os modos possíveis de se cuidar de um rio. O trabalho é mediado por imagens fotográficas por meio da construção de álbuns como um método de pesquisa que apresenta narrativas para além das oficiais. Construo vizinhança entre imagens de álbuns de família, registros históricos, imagens de câmeras de segurança, fotografias de arquivo pessoal, entre outros. Nos encontros com minhas companheiras de pesquisa os álbuns se transformam, e surgem novos imaginários e repertórios. Desta maneira, monto uma coleção que busca contrapor os registros oficiais e construir um repertório de cuidado ribeirinho.