Contracartografar e contraprojetar
Construindo caminhos para a autogestão na Terra Indígena Xakriabá (MG)
Resumo
Cartografias, projetos, normas, legislações e outras formas de representações técnicas se inserem como linguagem universal e imposição em territórios indígenas. Após incêndio criminoso da Escola Estadual Indígena Xukurank na aldeia Barreiro Preto, foi desenvolvido projeto em co-laboração entre docentes e discentes da UFMG e diferentes grupos e instâncias da organização interna Xakriabá. Negociações políticas internas às comunidades, desencadeadas em diferentes níveis pela agressão, e negociações externas, envolvendo diferentes instâncias de governo no processo de reconstrução da escola vêm permitindo a reelaboração de diferentes referências quanto a cartografia, práticas de mapeamento e produção de projetos nas aldeias indígenas. A autogestão de recursos públicos foi entendida como proposição política para enfrentar as problemáticas atuações de empreiteiras em terras indígenas. Abordamos as práticas contracartográficas como um dos meios para a autogestão de recursos públicos pelos indígenas nos processos de construção/reconstrução das aldeias. A partir do caso Xakriabá, abordamos questões normativas, projetos conduzidos e situações problema de contextos autogestionários diferentes, que se conectam e ajudam a pensar práticas contracartográficas para além do próprio ato de cartografar. "Agir contra", com a cartografia ou com o projeto arquitetônico, como possibilidade para a construção de caminhos para soberania indígena no cenário atual de demandas e imposições externas.