O usuário como objeto de controle na sociedade atual
Uma análise sob a ótica da vigilância dos aplicativos governamentais brasileiros
Resumo
O artigo aborda a figura do "usuário" de aplicativos digitais como alvo de vigilância e controle na sociedade contemporânea, destacando a transformação do indivíduo em "dividual" nas Sociedades de Controle em contraste com as Sociedades Disciplinares. Além disso, é evidenciada O presente artigo busca relacionar o usuário como o novo objeto de vigilância e controle estatal. Para isso é feito uma relação do usuário com o dividual, conceituado por Deleuze, ao caracterizar a produção de subjetividades na Sociedade de Controle. O texto realiza um panorama geral da Sociedade Disciplinar de Foucault, passando por suas principais características, para poder conceituar e comparar com a Sociedade de Controle de Deleuze e seu aspecto sobre dividuação. Na sequência é realizado um paralelo do dividual com o usuário, acrescentando uma camada de complexidade ao analisar sobre a relação de opressão que o usuário, nessa interação com as ferramentas tecnológicas, sofre. Este processo resulta na desumanização dos indivíduos, considerados apenas objetos para a construção e aprimoramento das tecnologias. A falta de participação dos usuários no planejamento e criação da tecnologia contribui para a exploração, monitoramento e controle de seus comportamentos e interesses. Em seguida é feita uma análise da relação da privacidade e proteção de informações do usuário na camada para além do individual, ou seja, considerando-o como dividual, e é questionado se a regulamentação jurídica que existe atualmente consegue sustentar a complexidade dessas relações. Por fim, para tornar a discussão mais concreta, são examinadas duas aplicações governamentais: Bolsa Família e CNH Digital, e a concessão de informações dos usuários que são requeridas por essas ferramentas tecnológicas. É destacada a necessidade de uma reflexão crítica sobre privacidade, usuários e vigilância estatal