O barroco dentro da universidade
Espaço e criação da memória comunitária no Arruado do Engenho Velho a partir das relações institucionais com o Campus Recife da UFPE
Resumo
A presente reflexão visa apresentar os processos de constituição espacial da memória dos moradores da comunidade do Arruado do Engenho Velho, a partir das relações institucionais com o Campus Recife da Universidade Federal de Pernambuco, local onde está inserida e cercada pelas construções dos centros de ensino e pesquisa e demais equipamentos, nas imediações do Sítio Arqueológico do Engenho do Meio, reconhecido pelo IPHAN em 1996. O objeto a ser analisado consiste nas formas criativas e contrastivas, ou mnemotropismos nos termos de Joël Candau (2002), em que a comunidade promove a memória de sua ocupação espacial, principalmente em interação com sujeitos acadêmicos, arquivos, documentos oficiais e como forma de afirmar seus hábitos rurais de uma população suburbana descendente de trabalhadores da plantation canavieira, que testemunhou o crescimento da metrópole (o Recife) englobando seus quintais com um campus universitário. Portanto, está previsto um exame i) das dinâmicas com que a comunidade do Arruado, seus relatos e as memórias de vida, incorporam a história oficial, os arquivos, principalmente a partir da interlocução de Seu Lula Eurico, e acompanham as ações de movimentos sociais (Movimento de Cultura Popular, Movimento Cultural da Várzea) e acadêmicos (projetos de extensão); ii) das diferentes lógicas e possibilidades históricas de ocupação espacial do campus Recife, a partir da investigação de um circuito de produção agrícola instalado na área e a consequente diáspora dos posseiros; iii) das leituras concorrentes ou complementares dos modernismos arquitetônico, regionalista e o articulado pelo ISEB e Movimento de Cultura Popular que produziram a atual configuração do campus Recife da UFPE, a partir do final da década de 40.