Por um diálogo de saberes intercientíficos e interculturais sobre a água no contexto da Bacia do Prata
Resumo
Segunda maior bacia hidrográfica de águas transfronteiriças da América do Sul e quinta do mundo, a Bacia do Prata abarca porções territoriais de 5 países (Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai), com uma extensão de 3,1 milhões de km² e notória sociobiodiversidade, também constituindo um território subcontinental referencial da experiência sócio-histórica derivada do projeto de modernidade ocidental que tem a colonialidade como a sua contraface constitutiva. Ao mesmo tempo em que estabeleceu, histórica e unilateralmente, enunciados hegemônicos relacionados à água, vinculados ao paradigma da dominação, com reflexos indeléveis na esfera do instituído (legal e institucional), este projeto moderno-colonial também expropriou os enunciados originários, instituintes, extramodernos, pós-abissais e contra-hegemônicos, em especial, aqueles correspondentes às cosmologias, saberes e modos de vida dos povos originários ameríndios, afro diaspóricos e das comunidades tradicionais. Neste sentido, o diálogo de saberes, intercientífico e intercultural, é condição indispensável para ‘rematriar’ enunciados sobre a água e a natureza que foram expropriados pela modernidade colonialidade, bem como para criar outros imaginários e modos de vida sustentáveis e incidir nas políticas públicas de água e educação neste contexto territorial.