Arquiteturas entre o território Xakriabá e a universidade
Resumo
Em visita recente ao território Xakriabá, conversávamos sobre o que era arquitetura e não chegávamos a um acordo. As definições não estavam erradas, mas não eram só aquilo que um ou outro dizia. O que talvez possamos chamar de arquitetura Xakriabá não é a mesma coisa que chamamos de arquitetura na universidade ou na cidade. Eram práticas diferentes. Esse processo de tradução feito com mal-entendidos só é um problema se a nossa intenção for que o entendimento seja único. A partir da ideia de Marisol de la Cadena do não somente, aprendemos a expandir a prática da tradução acolhendo a multiplicidade e as diferenças percebidas quando estamos entre mundos. No território Xakriabá, víamos arquitetura como o processo coletivo de construção das casas tradicionais e suas reverberações nas práticas construtivas atuais, as lutas e conquistas pela diferenciação do espaço escolar indígena, as práticas de retomada que geram espaços comunitários, etc. Mas o que nomeávamos de arquitetura, para o povo Xakriabá, era parte da vida cotidiana. Talvez o conceito de arquitetura xakriabá estivesse em germinação, ali naquele encontro, no diálogo com a universidade. Como aprender sobre arquitetura com as práticas espaciais xakriabá? Como considerar as práticas tradicionais nas práticas de arquitetura que chegam ao território Xakriabá a partir da cidade?