No caminho do ouro

A luta yanomami

Autores

  • Laila Zilber Kontic USP

Resumo

Este trabalho propõe refletir sobre a formação da luta política yanomami na década de 1980, quando o território yanomami foi invadido por milhares de garimpeiros causando uma crise sanitária e socioambiental sem precedentes, e sobre a rearticulação dessa luta em 2018, após a eleição de Bolsonaro. A invasão de milhares de garimpeiros no território na década de 1980 causou danos socioambientais e sanitários visíveis até hoje no território e culminou no desaparecimento de cerca de 13% da população yanomami do Brasil. Nesse período, a luta yanomami tinha como principal objetivo a demarcação de um território amplo e contínuo para os yanomami, que foi demarcado em 1992 após uma ampla campanha nacional e internacional promovida por Davi Kopenawa, xamã e principal porta voz de seu povo, e pela Comissão Pró Yanomami (CCPY), criada na década de 1970 para defender os interesses dos Yanomami. Quase trinta anos depois da demarcação da Terra Indígena Yanomami, as ameaças do governo Bolsonaro à integridade do território tiveram como efeito a rearticulação da luta política yanomami. A exposição A Luta Yanomami, da fotógrafa e ativista Claudia Andujar, foi inaugurada nesse período como resposta à campanha eleitoral do ex-presidente. A exposição foi uma dentre muitas outras manifestações que foram articuladas por lideranças yanomami e apoiadores de suas causas para chamar a atenção da opinião pública para as ameaças que o governo Bolsonaro representava para o território e para a vida dos Yanomami.

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Publicado

2024-11-18

Edição

Seção

ST21 Lutas indígenas e de populações tradicionais: regimes de criatividade e territorialidades em risco