Rodoanel ou Rodominério?

Notas sobre a recente disputa em torno do projeto de produção-exploração do espaço metropolitano de Belo Horizonte

Autores

  • Luiz Henrique Padro Campos UERJ

Resumo

O papel do Estado tem sido questionado na produção e enfrentamento das crises socioecológicas, principalmente em sua operação de acordo com a racionalidade neoliberal (Dardot; Laval, 2016). A ideologia do desenvolvimento enquanto pilar de atuação do Estado tem desenhado a relação entre neoliberalismo e o antropoceno na produção de injustiças socioambientais (Svampa, 2018). No final de 2022 o governo de Minas Gerais anunciou a homologação da licitação do projeto do Rodoanel, por meio de uma (PPP) com a empresa italiana INC S.P.A., sendo parte dos recursos oriundos do crime cometido pela mineradora Vale S.A em Brumadinho. Com a proposta de fornecer “segurança e fluidez ao tráfego comercial” (Minas Gerais, 2018), o projeto de estrada tem aliado o projeto neoliberal de Romeu Zema ao capital da mineração. Neste trabalho discuto como tem se processado disputas sobre a produção do espaço metropolitano relacionados ao projeto do Rodoanel. Apresento a partir do caso da comunidade quilombola de Pinhões, localizada em Santa Luzia – MG, a articulação de redes de resistência às obras do que tem sido chamado de “Rodominério”, e a defesa de um “território sagrado” tombado como patrimônio imóvel: o cemitério dos escravizados. Argumento em direção a como a centralidade da luta territorial tem evidenciado o protagonismo de comunidades tradicionais enquanto sujeitos políticos potentes na crítica de fundamentos da sociedade, como o racismo e o extrativismo, sem a qual não se pode pensar transições socioecológicas.

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Publicado

2024-11-18

Edição

Seção

ST21 Lutas indígenas e de populações tradicionais: regimes de criatividade e territorialidades em risco