Mulheres negras em seus novos zungus
Cozinha e poder no Rio de Janeiro
Resumo
No Rio de Janeiro novos espaços foram inaugurados durante a pandemia, muitos geridos por empreendedoras(es) negras(os). Cozinheiras(os) que apostaram durante um período em que estabelecimentos passavam por dificuldades ou eram fechados. A maioria desses lugares, segundo suas administradoras, são Novos Zungus. Oportunamente, a prefeitura da cidade lançou o Zungu: Guia da Gastronomia Preta, com 21 restaurantes com sócios e/ou cozinheiras(os) negras(os), dos quais, treze possuem suas cozinhas comandadas por mulheres negras. A resistência, a determinação e a união sendo resgatadas dos modelos ancestrais do Século XIX. A reconfiguração mantendo a persistência em existir, a resistência em sobreviver e a força por lutar tipicamente oriundas da ancestralidade quilombola perpetuada nos Zungus e renascidas nestes novos espaços. Os Zungus ou Casas de Angu de outrora também eram comandados por mulheres, por isso proponho analisar de que modo, as cozinheiras negras atuais driblam e enfrentam as violências e amarras do trabalho gastronômico que, impulsionado pelo racismo, sexismo e pela estratificação social tentam imobilizá-las. Outra forte marca presente nos Novos Zungus é a noção de solidariedade, o sentido de comunidade. Muitos trazem a pluralidade presente pois são floricultura, livraria, loja de roupas e acessórios; onde cada um tem um/uma gestor(a) próprio(a), mas todos sob a égide do restaurante, ou seja, a cozinha como o centro agregador para o funcionamento de outros espaços.