Vigilância e visibilidade nas manifestações de 2013

Autores

  • Luciana Santos Guilhon Albuquerque Doutoranda em psicologia/PPGP/UFRJ; Mestre em psicossociologia/UFRJ.
  • Rosa Maria Leite Ribeiro Pedro Professor associado psicologia/UFRJ; Doutora em comunicação e cultura/UFRJ.

Resumo

O Rio de Janeiro, como inúmeras cidades no mundo, vem se tornando uma cidade intensamente monitorada, principalmente após ser eleita para sediar grandes eventos, como a Copa de Mundo. O uso de dispositivos de vigilância como política de segurança pública não é uma novidade, mas tem ganhado novos contornos. Redes sociais, como o Facebook, têm se tornado objeto de monitoramento dos indivíduos e nas manifestações de 2013 cumpriram o papel de mobilização para as ruas, colocando o governo em alerta. Compartilhamos da proposta da Teoria Ator-Rede (TAR) que considera a realidade social como uma rede composta de atores humanos e não humanos em constante construção. Os objetos participam conosco da construção do mundo, afetando nossa forma de agir e transformando nossos modos de ser. Pretendemos fazer uma reflexão sobre as controvérsias geradas pelo uso de máscaras nas manifestações, apostando que têm algo a nos dizer sobre as diversas dinâmicas de vigilância e visibilidade que atravessam nosso cotidiano atualmente. Partiremos de algumas entrevistas realizadas como parte de uma pesquisa de doutorado e da análise de páginas na Internet e Facebook de dois coletivos que se destacaram pelo uso das máscaras: o Anonymous e os Black Blocs. A princípio três sentidos podem ser enumerados: esconder o próprio rosto, dificultando o trabalho de identificação pelas autoridades e protegendo os manifestantes da repressão policial; criar uma identidade coletiva, diluindo o protagonismo individual numa massa; e, sentir-se mais à vontade para agir. Resumidamente, podemos dizer que as máscaras escondem, protegem, revelam e potencializam rostos, indivíduos, ideias e ações. Num mundo que se constrói cada vez mais vigiado, esconder-se não se apresenta como a única resistência a uma visibilidade que se impõe. A possibilidade de construir uma imagem e poder operar, escolhendo o que deve ser visto, também encontra seus caminhos de resistência.

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Publicado

2015-05-12