Ciência e extrações: como um problema técnico se torna uma questão sociotécnica
Resumo
Esta comunicação é o resultado parcial de pesquisa de caráter etnográfico levada a cabo em um laboratório de genética de populações e evolução humana e molecular, localizado em uma importante universidade no Sul do Brasil. Entre outros aspectos, o que torna interessante o coletivo articulado em torno desse laboratório é o fato de, contextualmente, estes geneticistas se intitularem antropólogos biológicos; o que é particularmente instigante, não só por ser um laboratório de genética e biologia molecular, mas também por este estar situado no Brasil, país em que o campo da antropologia biológica ainda é pouco institucionalizado. Atualmente, o laboratório em questão participa, junto a pesquisadores de laboratórios de outros países da América Latina e do Reino Unido, de um consórcio de pesquisa sobre diversidade e evolução biológica das populações latino-americanas, integrando, assim, um coletivo mais amplo. Nesse contexto, ao abordar etnograficamente um consórcio de pesquisa que coloca em relação um grande números de pesquisadores e centros de pesquisa da América Latina, o foco central da etnografia em questão e que será abordado nesta comunicação são as práticas científicas levadas a cabo pelo grupo de pesquisadores brasileiros. Portanto, o que se etnografou não foi o laboratório em si, mas as conexões que são estabelecidas a partir dele, ao ser parte de um projeto de pesquisa de escala internacional. Mostra-se, a partir das práticas laboratoriais, que uma controvérsia não é algo “simplesmente” técnico, mas sim uma questão sociotécnica. Ademais, a discussão de tal controvérsia pretende colocar em relevo a dinâmica científica em um projeto que integra pesquisadores de universidades latino-americanas e é coordenado por um pesquisador sediado em uma universidade britânica.