Produção e circulação do conhecimento entre cientistas e gestores públicos

Autores

  • Maria José Carneiro Antropóloga, professora do CPDA/UFRRJ; bolsista de produtividade do CNPq. Coordenadora do CINAIS (Grupo de Pesquisa em Ciênica, Natureza, Informação e Saberes)
  • Daniel Delatin Cientista Social, doutorando do CPDA/UFRRJ. Membro do Grupo de Pesquisa CINAIS
  • Laila Sandroni Cientista Social, doutoranda do CPDA/UFRRJ. Membro do Grupo de Pesquisa CINAI

Resumo

O presente artigo  discute a maneira como a ciência colabora com a política publica a partir da ótica de pesquisadores acadêmicos que mantém relações de consultoria a organismos governamentais. Três questões orientaram nossa análise: como os cientistas pensam e avaliam essa relação; como os cientistas percebem o seu lugar nessa relação e, como se dá a circulação do conhecimento entre esses dois campos. Trata-se de uma reflexão sobre os limites e possibilidades das contribuições do conhecimento cientifico na formulação de políticas públicas no contexto brasileiro, mais particularmente, no Ministério de Desenvolvimento Agrário. Estaremos atentos para a possibilidade dessa relação engendrar ressignificações sobre as práticas comuns a cada um desses campos. A base empírica é constituída por entrevistas com pesquisadores ligados a instituições acadêmica brasileiras e que têm experiência em consultoria a órgãos governamentais. Faremos uso do conceito de translação, elaborado por Bruno Latour, como também da noção de co-produção, de Sheila Jasanoff  sobre  a prelação recíproca entre ciência, políticas públicas e cultura. Recorreremos também à noção de representação, trabalhada por Isabelle Stengers que pode ajudar a entender o recurso à ciência como uma estratégia de legitimação de decisões políticas em um mundo dominado pela crença na “verdade científica”. Verificou-se uma tensão entre pesquisa e formulação de políticas públicas que pode ser atribuída às diferenças entre as epistemologias científica e política. Entende-se que essa tensão possa ser “resolvida” de diversas maneiras e não necessariamente por mecanismos institucionalizados, como pressupõe outras abordagens. A apropriação do conhecimento cientifico, ocorre um movimento de circulação onde vemos multiplicar os elos pelos quais passam tanto o conhecimento produzido como a demanda pela produção de conhecimento.

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Publicado

2015-05-12