Imagens do Inconsciente: pessoa e visualidade no projeto médico-científico de Nise da Silveira

Autores

  • Felipe Sales Magaldi Doutorando em Antropologia Social, Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Resumo

No início do século XX, a psiquiatria brasileira foi caracterizada por controversos métodos de tratamento, tais como a eletroconvulsoterapia e as neurocirurgias. Em 1946, a médica alagoana Nise da Silveira ocupou a linha de frente na crítica a esse modelo de tratamento a partir da criação de um ateliê criativo no antigo Centro Psiquiátrico Nacional, localizado no bairro do Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro. Atividades expressivas como pintura e modelagem foram então acionadas como mecanismos terapêuticos. Este trabalho examina alguns fundamentos do projeto médico-científico de Nise da Silveira a partir de fontes documentais e de uma vivência no grupo de estudos do Museu de Imagens do Inconsciente, atualmente mantido por seus discípulos. Sustenta-se que seu pensamento, delineado em referência a autores como Jung, Spinoza e Artaud, constitui uma recusa aos pressupostos do fisicalismo e do mecanicismo, aproximando-o às ontologias vitalistas e românticas. Por fim, encerra-se com um debate sobre os recentes desdobramentos do fisicalismo na psiquiatria contemporânea, consubstanciados na psicofarmacologia e nos novos manuais estatísticos e diagnósticos de transtornos mentais, configurando uma nova biopolítica. 

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Publicado

2015-05-12