Antropologia à deriva ou os mil descaminhos para uma investigação que visa saber-menos sobre o outro

Autores

  • Luciano von der Goltz Vianna Doutorando no Programa de Pós-graduação em Antropologia Social pela Universidade Federal de Santa Catarina

Resumo

O presente trabalho objetiva produzir uma reflexão sobre os limites da etnografia através das injunções e disjunções entre teorias do conhecimento “nativas” e “antropológicas”. Um dos caminhos para alcançar esse objetivo é sugerir a possibilidade de aliar uma não delimitação de um locus de pesquisa com a não “utilização” do método etnográfico. Enquanto uma hesitação metodológica, e no “lugar” dessa dupla recusa, proponho alguns descaminhos que poderiam conduzir “à deriva” essa investigação antropológica; ou seja, a especular e deslocar-se por diferentes tempos|espaços sem constituir um objeto de pesquisa. Para isso proponho algumas junções teórico-metodológicas que viabilizem “múltiplas realidades” (Law) na produção de saberes em Antropologia. Mais precisamente, essa será uma investigação na qual se perguntará: como se pode saber-menos sobre um outro? Esse seria um “saber” que atingiria a consistência de sua suficiência ao ser produzido pelos meios (como “equivocação” e “deslumbramento”) com que uma alteridade se “estabelece” em uma dada relação parcial e “imprevisível”. Portanto, essa pesquisa trata de questões “metodológicas” sobre os modos de produzir conhecimento em Antropologia ao realizar pesquisa empírica especulativa com/através dos meios|caminhos que os sujeitos e objetos dessa mesma pesquisa se utilizam para “saber” sobre algo e sobre a própria Antropologia. Por isso, a ideia é que não haja “sujeitos-objetos” (Latour) centrais ou definidos previamente pelo pesquisador, mas sim co-definidos com os primeiros ao longo do processo de criação e operacionalização do modo de investigação aqui construído. O dispositivo de “controle” da aleatoriedade dessa especulação metodológica será uma forma de autoanálise crítica dos pressupostos|convicções (retropredação) pelos quais essa pesquisa se tornou viável, o qual teria como objetivo tornar menos “intensa” a “vontade de saber” sobre um outro. Ao longo da pesquisa será buscada também uma postura politico-filosófica em relação ao empreendimento disciplinar antropológico de pensar a diferença, ou uma zoepolítica.

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Publicado

2015-05-12