“Experts no espírito”. Reflexões sobre a legitimação da espiritualidade com uma dimensão de saúde a partir do SUS
Resumo
A espiritualidade é um tópico de interesse crescente de pesquisadores vinculados às ciências médicas, bem como de parte das agências e órgãos oficiais de promoção de saúde. Os indícios para esta afirmação se expressam, por exemplo, no surgimento de congressos acadêmicos dedicados exclusivamente ao tema, na oferta de disciplinas de “medicina e espiritualidade” em cursos de graduação de universidades públicas, na constituição de linhas de pesquisas como “Epidemiologia da religiosidade e saúde” em programas de pós-graduação e no expressivo aumento na quantidade de artigos em periódicos médicos dedicado ao par saúde e espiritualidade. Desde 1980 também se intensificaram as recomendações sobre a “dimensão espiritual” para a manutenção da saúde em documentos das agências de governança global, como a Organização Mundial de Saúde (OMS). Diante desse fenômeno procuro deslocar a centralidade de perguntas como “o que é espiritualidade?” e, em contrapartida, tornar preeminente reflexões sobre “quem pode dizer o que é espiritualidade quando ela se torna um assunto de saúde?” Para tanto, procuro num primeiro momento visibilizar os lineamentos gerais das características dessa relação em algumas das instâncias mencionadas. E, em seguida, analisar como os discursos de legitimação desse par (espiritualidade e saúde) têm reverberado em ações concretas no âmbito do SUS. Precisamente, a partir desses dois movimentos procurarei demonstrar a emergência de uma espécie de expertise que trabalha para desvendar, interpretar e, inclusive, prescrever “a espiritualidade que faz bem”.Downloads
Publicado
2015-05-12
Edição
Seção
ST 8 – Corporalidades, Saberes e tecnologias