A ciência pode ser útil à política? Reflexões sobre percepções de ciência entre gestores públicos

Autores

  • Maria José Carneiro CPDA/UFRRJ
  • Laila Thomaz Sandroni CPDA/UFRRJ

Resumo

O presente artigo parte dos dados gerados por pesquisa junto a gestores públicos com o objetivo de entender como se processa o recurso ao conhecimento científico na formulação de políticas. Partiu-se, inicialmente, da abordagem da Evidence-Based Policy (EBP) que pressupõe que o acesso ao conhecimento científico, por parte de gestores públicos, amplia o leque de suas opções contribuindo, assim, para aumentar a eficácia das políticas. A dinâmica da pesquisa levou à crítica a essa abordagem e à opção pelo idioma da coprodução, segundo o qual as formas de fazer política (no sentido de policy) em um determinado contexto sócio-histórico estão ligadas às formas de ordenamento preponderantemente legítimas nesse contexto (Jasanoff, 2004). No caso da sociedade contemporânea, a ciência se sobressai como uma das formas de discurso mais valorizadas como fonte de legitimidade. Procuramos demonstrar que a forma de pensar do conhecimento científico perpassa as formas de atuação dos gestores entrevistados conformando campos que se interpenetram mutuamente, se coproduzem. Por outro lado, foi possível reconhecer nas entrevistas a reiterada menção a diferenças que operam uma distinção entre os modos de ordenamento da ciência e da política, atuando por meio de lógicas amplamente diferenciadas. A partir do jogo entre coprodução e reforço das diferenças entre os modos de ordenamento, procuramos entender as percepções dos gestores sobre ciência e verificar até que ponto elas interferem no modo como se dá a utilização do conhecimento científico na formulação de políticas públicas.

Downloads

Publicado

2015-05-16