“Entre o desprezo e a estima habitam pombos, ou, como se conviver com o cotidiano não amado”
Resumo
Este trabalho pretende abordar uma reflexão a respeito das diversas relações entre pessoas e pombos urbanos no contexto da cidade de Santos, especialmente no porto – que se faz como local foco de minha pesquisa. Essas reflexões partem da noção de unloved others, de Deborah Rose e Thom van Dooren (2011), bem como da antropologia da vida, de Eduardo Kohn (2007; 2013). Nota-se, a partir dos dados trazidos, tanto por meio de notícias, quanto de minha pesquisa de campo, dois pressupostos antitéticos de relações entre pessoas e pombos, os quais apontam para interações de combate, nojo, controle e apreciação, proteção, convívio por parte das pessoas. Espera-se trazer, então, ao debate, questões referentes às possibilidades de convivência, ou, como se propõe neste contexto de discussão, o viver entre animais. Entendendo que estas interações se dão de maneiras diversas, procuro refletir como a noção de unloved others pode auxiliar para se pensar os pombos,
uma vez que, estes, em determinados contextos e situações, podem se tratar de uma espécie tida como
não querida pelas pessoas. Também se fará necessário mostrar o contraste das relações, isto é, situações em que pombos são apreciados pelas pessoas, bem como o contraste com outras espécies animais que se aproximam, ou distanciam, destas posições de apreço e desgosto. Desta maneira, trago alguns dados iniciais de meu campo que apontam para possibilidades ambíguas de se conviver com os pombos, bem como no que diz respeito aos espaços por eles habitados, principalmente o Porto de Santos.