".jpg(1)" e o Risco do Incomensurável Gráfico
a Circulação das Imagens Digitais na Web e a alternativa das Linhagens Técnicas
Resumo
Diariamente, bilhões de arquivos de imagem são compartilhados digitalmente em todo o planeta, seja em sites integrados a navegadores, seja através de aplicações para dispositivos móveis. Ainda que para um cientista de dados isso possa significar uma variável numérica, ou a partir de termos do marketing e da publicidade online possa ser estratificado a partir de métricas de engajamento – como compartilhamentos e visualizações únicas –, para uma antropologia da técnica atenta às imagens digitais isso pode significar um problema difícil de contornar. Como abordar imagens digitais na Web, quando uma uma imagem copiada, baixada ou carregada não é a mesma? Se nas inúmeras cadeias de reprodução e circulação uma nova imagem é gerada a cada nova ação? Se o uso for, efetivamente, uma forma de invenção?
Estes escritos pretendem considerar, a partir dos pensamentos de Gilbert Simondon e Yuk Hui, possibilidades analíticas na abordagem de imagens digitais em produção, reprodução e circulação. Primeiramente, considerando o ciclo inventivo das imagens em Simondon, as imagens que repousam em objetos técnicos e suas pontes com a concepção de objeto digital, em Yuk Hui. Em seguida, explorando os tangenciamentos ao ciclo inventivo – a comunicação – modulados pelo planejamento visual de interfaces gráficas, jornadas de experiência de usuário e hardwares, que revelam a problemática da incomensurabilidade das imagens digitais – tanto em suas cadeias de pixels, quanto em seus metadados –, quando as observamos a partir das lentes de uma antropologia da técnica. Ao final, a partir da acepção de linhagem técnica, em Simondon, exploro as potencialidades das transformações em termos de pixels e metadados como saltos ontogenéticos, que também podem se apresentar como coordenadas em cadeias de reprodução e circulação de imagens digitais.