Biografar ou restaurar corpos vegetais?
Descrição crítica em florestas Amazônicas
Resumo
Atualmente realizo experimentações etnográficas multiespécie de práticas silviculturais e manejo da floresta Amazônica, desenvolvidas por engenheiras(os) florestais, doutorandas(os) e mestrandas(os) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazonia (INPA). Embora compartilhe com meus interlocutores experiencias acadêmicas nas ciências naturais, me considero um pesquisador hibrido dentro do campo da Ecologia Política. Acompanhando as pesquisas me espanta a produção e acumulo de inscrições dos corpos arbóreos produzidas pelos cientistas: Demografia (crescimento e altura); Fisiologia (trocas gasosas, fotossíntese, respiração, condutância estomática, fluorescência) e Morfologia (área foliar), se tornam variáveis necessárias para refutar hipóteses nulas. Levar a sérios tais inscrições é reconhecer a potência da engenharia florestal em biografar ou restaurar corpos vegetais? Corpos que revelam modos de existência, materializando relações sociais (sol, fertilizantes, pragas, cientistas, clorofila, El Niño, analisador de gás a infravermelho (IRGA), ajudantes de campo, entre outras) e por isso capazes de restaurar a complexidade ecológica da floresta amazônica. Por serem especialistas em corpos arbóreos, as inscrições produzidas pelos cientistas da engenharia florestal se tornam interessantes meios para animarmos a vida multiespécie na maior floresta tropical do mundo, criando intra-ações que se friccionam em seus experimentos controlados, revelando que há mais vida por vir. Diante essas questões, misturas antropológicas e ecológicas podem nos ajudar a observar como as inscrições cientificas estão sendo animadas para participar e criar mundos florestais.