A benzeção um ato de arrumação nas socialidades de Laranjal e Cambambi-MT

Autores

  • Nayara Marcelly Ferreira da Silva UFMT

Resumo

A pesquisa é um estudo sobre a benzeção pensada como ato de “arrumação”, categoria êmica que se refere a ação de arrumar o corpo contra os infortúnios e doenças nas socialidades negras de Laranjal e Morro do Cambambi que se identificam como “comunidades quilombolas”. Os respectivos coletivos estão situados no estado de Mato Grosso, o primeiro no munícipio de Poconé e o segundo em Chapada dos Guimarães. Até o momento foi possível especular o ato de “arrumação” em plena relação com a casa, entendida não apenas como uma construção física porque se estende para o quintal e para tudo que pode ser uma referência de espacialidade. Cada espaço da casa está associado a uma série de práticas de benzeção e é onde circulam as fofocas, as risadas, as comidas e os atos de “arrumação”. As socialidades não podem ser concebidas apenas pela perspectiva identitária, mas, sobretudo, como modos de fabricação de mundos. É no encontro com as visitas, os “chegados” e as irmandades que o corpo é fabricado para além do biológico, mas como resultado de agenciamentos sociais e espirituais, permitindo pensar sobre noções de corporalidade, tais como a “mãe do corpo”, o “companheiro da criança”, o umbigo e a relação entre “corpo aberto e corpo fechado”. A etnografia visa a descrição da eficácia da benzeção na perspectiva destas socialidades e como esta prática delineia territórios existenciais.

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Publicado

2024-11-18

Edição

Seção

ST12 Casas, cozinhas e fogões agenciando reuniões, criações e transformações em coletivos quilombolas, sertanejos, indígenas e camponeses