As roupas, os cuidados e os tempos

Notas para pensar as corporalidades nas transformações sociais

Autores

  • Marcela Rabello de Castro Centelhas UFRJ

Resumo

Este trabalho debruça-se sobre um conjunto de práticas e objetos que normalmente não despertam muito interesse etnográfico: as roupas e as relações sociais que por meio delas se engendram. Ao longo de oito meses de pesquisa de campo, o diálogo e as vivências com as interlocutoras mostraram que as formas se de vestir constituíam um importante qualificativo material e moral de reflexão sobre as transformações sociais e as relações assimétricas entre grandes e pequenos, brancos e negros ou o Estado e os pobres. Paralelo a isso, e enfatizando a centralidade desses bens, as roupas eram também um valoroso marcador social, horizonte de preocupação dessas mulheres em função do seu lugar na constituição pública das corporalidades e da consequente virtual possibilidade de humilhação ou estigmatização. Nesse sentido, as roupas, o trabalho nelas investido e os corpos e coletivos que se fazem por meio delas colocavam em relação esferas ou mundos normalmente pensados como separados (ou antagônicos), mas que estão em constante co-criação, a saber, a casa e a rua, o doméstico e o público, o cuidado e a política. Sendo assim, nosso objetivo é pensar como os dispositivos e técnicas relativas a esses bens ativam pertencimentos coletivos e conflitos sociais, seja na relação com a higiene e as águas, nas práticas de cuidado e cultivo e de si e dos seus ou, ainda, nas mobilizações sociais da comunidade.

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Publicado

2024-11-18

Edição

Seção

ST12 Casas, cozinhas e fogões agenciando reuniões, criações e transformações em coletivos quilombolas, sertanejos, indígenas e camponeses