Transbordando conexões
Reativamento de memórias e relações nos mebêngôkres a partir de sua produção audiovisual
Resumo
Desde os primeiros contatos dos mebêngôkre com os equipamentos audiovisuais, eles têm sido utilizados como artefatos de luta. Evidentemente, enquanto documento político, quando registram reuniões com autoridades, funcionando como prova sobre promessas feitas para pressionar autoridades, ou quando denunciam os conflitos enfrentados pelo grupo, ou ataques a seus direitos originários, mas também quando produzem filmes sobre suas festas, seu cotidiano, as histórias de seus “personagens”, numa luta contra o etnocídio promovido de forma permanente pelo Estado: o apagamento de suas memórias, de seus saberes. A partir de experiências fílmicas realizadas por membros da aldeia A’Ukre, no Território Indígena Kayapó, este trabalho visa entender como essa produção audiovisual vem sendo utilizada como arma na defesa de sua cultura. Atentando para a própria experiência do audiovisual, durante a produção de um filme no decorrer de uma oficina, de como são mobilizados os mais diversos elementos, reforçando ou retomando as diversas relações existentes na aldeia e outras que estavam em via de desaparecer.