Participação cívica de indígenas antropólogas no contexto da pandemia de Covid19
Do isolamento social às articulações e resistência políticas
Resumo
Em 2020 e 2021, no contexto da pandemia de Covid-19, produzi a iniciação científica “Indígenas antropólogas/os brasileiras/os e suas produções sobre a pandemia da Covid 19: percepções de direitos e políticas públicas”, orientado pela Profa. Ana Pastore Schritzmeyer. Indígenas antropólogas/os localizavam-se em posições potencialmente transformadoras ao direcionar seu olhar a produções não indígenas. Desse lugar, possibilita-se desestabilizar saberes e concepções de direitos tradicionalmente marcados pela colonialidade, através de formas inovadoras de organização social. Sua atuação política e científica poderia, assim, proporcionar novas maneiras de pensar a categoria “antropóloga cidadã”, especialmente na pandemia, um fenômeno social total. A coleta e sistematização das produções dessas pesquisadoras resultaram em quatro categorias representativas: Impactos da pandemia nos povos indígenas; Cosmologias em confronto; Saúde e conhecimentos tradicionais; Solidariedade indígena e resistência política. Os resultados evidenciam a violência dos efeitos da pandemia nas autoras e em seus povos, bem como a necessidade de construção de articulações de resistência plurais e de diversos âmbitos – pessoal, institucional e/ou coletivo, tal qual a Articulação Brasileira de Indígenas Antropóloges. Tais considerações figuram posições na interlocução entre Academia e sociedade, antropologia e participação cívica, o que, por fim, nos ajuda a compreender o que a pandemia tem a dizer sobre nós.