Ensaio sobre Antropologia Ribeirinha
Premissas epistemológicas para conexões apaixonantes e vidas emaranhadas com e no Baixo rio São Francisco
Resumo
A Antropologia brasileira, com a implementação cada vez mais substancial e abrangente das políticas de ações afirmativas nas Universidades, incluindo ai os programas de pós graduação, tem passado por processos de transformações epistemológicas que dialogam, as duras penas e com muito enfrentamento político, com as demandas de alunos, alunas e alunes, pretos, pardos, quilombolas, indígenas, LGBTQIPA+ e com deficiências, provocando rupturas, encontros e alargamento de saberes, fazeres científicos. Inspirado por movimentos decoloniais, cosmológicos, de saberes ancestrais que se perpetuam através das oralidades afro-indígenas, de comunidades ribeirinhas, este ensaio busca lançar algumas questões para a construção do que venho chamando e propondo acerca da antropologia feita no quintal de casa e às margens do rio São Francisco, “Antropologia (s) ribeirinha (s). Desde que formulei pela primeira vez essa narrativa epistemológica, ainda na tese de doutorado defendida em 2022, tenho me debruçado com mais atenção para essa questão, afim de narrar e descrever mudanças significativas de paisagens, práticas, relações humanas e mais que humanas, especialmente na região do Baixo São Francisco, entre Alagoas e Sergipe. Neste sentido, procuro estabelecer e me aprofundar sobre as bases que sustentam (em um primeiro momento) essa ou essas Antropologias ribeirinhas, entendendo que ela é (ou deva ser) epistemológica, mas também metodológica e conceitual, calcada nas inderteminações, nas conexões apaixonantes, de se deixar guiar pelas emoções, pelo amor, pela vida em frenéticos devires, mas também pelo sofrimento, das angustias demarcadas nos corpos que mergulham, nadam, pescam, se educam e se espiritualizam no tecer de novas marolas de destruição ambiental presentes no Opará.